quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Pau-rosa: corte predatório e ameaça de extinção

Pau-rosa: corte predatório e ameaça de extinção

Exemplares de pau-rosa (Aniba rosaeodora) na Reserva Florestal de Ducke em Manaus

O que ocorreu com a seringueira, no final do século XIX e início do XX, quando o seu látex era retirado das árvores nativas sem haver preocupação com o seu cultivo, também ocorre com o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke), árvore típica da Amazônia, de cuja casca se extrai um óleo rico em linalol, fixador de perfumes cobiçado pelas indústrias de cosméticos do exterior, principalmente as francesas, como a Coco Chanel, fabricante do Chanel nº 5.

Existem três espécies de pau-rosa encontradas desde o sul do México até o princípio da Mata Atlântica, mas a espécie amazônica é a que apresenta a maior concentração de óleo, por isso é explorada incessantemente há décadas, estando ameaçada de extinção. Diferente da seringueira, que explorada racionalmente pode produzir látex por décadas, a árvore do pau-rosa precisa ser abatida para a extração do óleo da casca. O corte predatório é que está levando ao desaparecimento da planta. Como a procura pelo óleo é intensa (o preço atual no mercado internacional é de US$ 28 o litro), é grande a corrida em direção às poucas árvores nativas que ainda restam na floresta. Por isso mesmo, desde o ano 2000 o Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) só permite a extração se houver a reposição da espécie.

Combustível - O pau-rosa é explorado intensivamente na região amazônica desde o início do século passado, mas foi nas décadas de 20 e 30, com o crescimento da indústria de perfumes, que a sua extração atingiu proporções predatórias. Naquela época, a região era tão rica da espécie que os caboclos utilizavam seu óleo como combustível para as suas lamparinas. Com o mercado em ascensão, a partir da década de 60 houve um novo crescimento na procura pelo linalol. Nesse período, eram comercializadas mais de 500 toneladas/ano de óleo. Pelo menos 50 destilarias processavam cerca de 50 mil toneladas anuais de madeira, tudo retirado de florestas nativas.

Na década seguinte, com o surgimento do linalol sintético e da entrada no mercado internacional do óleo essencial chinês da espécie Ho, a produção estabilizou em 100 toneladas/ano. Calcula-se que, nesses últimos 40 anos, aproximadamente 2 milhões de árvores foram abatidas e explorados irracionalmente mais de 10 milhões de hectares de florestas. O trabalho era feito por meio de usinas móveis, que exploravam toda a madeira numa determinada área até esgotá-la, e depois seguiam para outra, repetindo o processo. Nesse período da extração do pau-rosa, a atividade chegou a envolver diretamente cerca de 6 mil pessoas e ocupar o terceiro lugar na pauta de exportações do Estado do Amazonas.

Para extrair 180 litros de essência de pau-rosa, são necessárias de quinze a vinte toneladas de madeira, o que só se consegue com a derrubada de cerca de mil árvores.

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