quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Mais antiga tartaruga não tinha casco

Mais antiga tartaruga não tinha casco


Fóssil de 220 milhões de anos encontrado na China sugere origem marinha para esses quelônios


Representação artística da Odontochelys semitestacea, a mais antiga tartaruga de que se tem notícia. O fóssil de 220 milhões de anos encontrado na China sugere que esses répteis surgiram na água. Clique na imagem para ampliá-la (arte: Marlene Donnelly).

Foram encontrados no sudoeste da China fósseis da tartaruga mais antiga de que se tem notícia, com 220 milhões de anos. O esqueleto achado na província de Guiyang chama a atenção por não possuir o resistente casco que protege e envolve quase todo o corpo das tartarugas modernas. Os paleontólogos que analisaram o fóssil acreditam que ele esclarecerá muitas dúvidas sobre a evolução dos quelônios e sobre o surgimento de seu casco.

Apesar de não ter o casco, a tartaruga do Triássico superior chinês já apresentava a proteção ventral, conhecida como plastrão – um escudo ósseo exclusivo das tartarugas – completamente formado. Por isso, a espécie foi denominada Odontochelys semistestacea – literalmente, “tartaruga dentada com meia carapaça”. O quelônio foi descrito na Nature desta semana por cientistas chineses, americanos e canadenses.

As pistas sobre a evolução das tartarugas aparecem já nas rochas em que o fóssil foi encontrado – um depósito marinho. Isso indica que elas eram inicialmente aquáticas e não terrestres, como imaginavam os pesquisadores. A tartaruga chinesa provavelmente vivia à margem de oceanos ou em deltas de rios, conta o paleontólogo canadense Robert Reisz, que comentou a descoberta na mesma edição da Nature.

“Fósseis descobertos anteriormente indicavam que as primeiras tartarugas eram terrestres, mas a Odontochelys mostra que elas surgiram na água,“ explica ele à CH On-line. Antes dela, o fóssil mais antigo conhecido de tartaruga era da Proganochelys, encontrada na Alemanha, com 210 milhões e já com o casco formado. “Esta é uma descoberta surpreendente que desafia a olhar de volta para a origem desses animais”, completa Reisz.

Mistérios desvendados
Apesar da ausência do casco, o escudo ósseo inteiramente formado no ventre da tartaruga indica que a carapaça é formada a partir do desenvolvimento e alargamento das costelas e da coluna vertebral do réptil. O fóssil apresentava placas ossificadas formadas pela espinha dorsal no lugar do casco.

O esqueleto da Odontochelys semistestacea em dois ângulos. A visão de seu dorso (esquerda) evidencia a ausência de casco, o que sugere que essa estrutura surgiu a partir das costelas e da coluna vertebral. A imagem da parte de baixo do quelônio (direita) mostra o plastrão, escudo ósseo que protegia o animal contra predadores, completamente formado (foto: Instituto de Paleontologia Vertebrada e Paleantropologia, Pequim).


A presença do plastrão na Odontochelys semistestacea sugere que ela precisava de uma proteção ventral, e não dorsal, como a conferida pelo casco das tartarugas modernas. Uma hipótese formulada pelos pesquisadores sugere que esse escudo ósseo servia para proteger as tartarugas dos predadores que nadavam por baixo delas.

A paleontóloga Chun Li, da Academia Chinesa de Ciências em Pequim, uma das autoras do artigo, acredita que a hipótese da formação do casco valha tanto para as tartarugas marinhas quanto para as terrestres. “Acredito que a vida e os hábitos desses animais eram muito semelhantes aos que conhecemos hoje”, diz ela à CH On-line. “Mas o novo fóssil prova que ainda temos muito para conhecer sobre as tartarugas.”

Apenas 1,99% das florestas brasileiras são protegidas

Apenas 1,99% das florestas brasileiras são protegidas

O Brasil concentra um terço das florestas tropicais do mundo, mas apenas 1,99% é protegido por unidades de conservação integrais (que não permitem o uso dos recursos naturais). Essa porcentagem está bem abaixo da média mundial, que é de 6%. Além de poucas, as unidades de conservação estão mal distribuídas no país. Essa conclusão é resultado de um estudo realizado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Deste estudo, resultou um novo mapa da biodiversidade do País.
O trabalho foi apresentado na 52a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no dia 11/07/2000, em Brasília (DF), e mostra uma radiografia completa dos sete grandes biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Campos Sulinos, Cerrado, Sistema Costeiro, Mata Atlântica e Pantanal.
O mapa nacional da biodiversidade, além de redefinir geograficamente os sistemas brasileiros, mostra algumas surpresas, como o fato de a Mata Atlântica, apesar de ter número expressivo de unidades de conservação, estar com apenas 0,69% de sua área protegida.
Outra surpresa nada agradável: o Brasil está muito atrás de outros países da América do Sul na área de proteção ambiental: à nossa frente estão a Bolívia (com 3,9% de sua área de conservação integral preservada), a Colômbia (7,9%) e a Venezuela (22%).
O governo brasileiro pretende mudar essa situação com a proposta de investir em torno de US$ 240 milhões, com financiamentos externos do Banco Mundial, e aumentar para 10% as áreas de proteção integral.
Atualmente, cerca de 90% das áreas protegidas no país, em 150 unidades de conservação, estão sob responsabilidade do Ibama. O restante fica sob os cuidados dos estados e municípios.

Conheça a situação atual dos sete Biomas Brasileiros:

Amazônia: maior bioma brasileiro, com 369 milhões de hectares, tem apenas 3,6% de sua área sob conservação federal.

Cerrado: mesmo sendo o segundo maior bioma do Brasil, além de conter a mais rica biodiversidade do mundo, o cerrado tem apenas 0,8% de sua área sob proteção.
Caatinga: com exceção de uma área do Parque Nacional da Serra das Confusões, este bioma não tem recebido nenhuma proteção. Só 0,8% de sua área tem unidades de conservação.

Mata Atlântica: tem o maior número de unidade de conservação do Brasil (36), mas ainda assim esse bioma apresenta somente 0,69% de sua área total sob proteção, em razão da pequena área das unidades de conservação existentes.

Campos Sulinos: apenas duas áreas são protegidas, representando 0,3% do ecossistema: a Estação Ecológica do Taim e Parque Nacional da Lagoa do Peixe.

Pantanal: apesar de sua biodiversidade, só tem duas unidades de conservação, que representam 0,55% de sua área.
Ecossistema costeiro: com apenas três ecorregiões, a região costeira é a mais protegida, com 6,4% de sua área protegidos.

Plantas e ervas medicinais da Amazônia um mercado em expansão

Plantas e ervas medicinais da Amazônia um mercado em expansão

O interesse pelas ervas e plantas da Amazônia com aplicação nas áreas medicinais e de cosméticos tem aumentado cada vez mais. A exploração comercial dessas plantas apresenta perspectivas cada vez mais promissoras de se tornar uma atividade econômica rentável para o Amazonas.

Para o chefe da área de Botânica Econômica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o pesquisador peruano Juan Revilla Cordenas, doutor em Ciências Biológicas, o segmento tem tudo para crescer e se tornar uma atividade econômica lucrativa para o Estado desde que se profissionalize. Ele ressalta que o grande desafio é gerar emprego e renda para o ribeirinho, o caboclo, melhorando a qualidade de vida das pessoas que lidam diretamente com a coleta, armazenamento e venda das plantas medicinais.

O pesquisador afirma que o Inpa não é contra a tecnologia, apenas pretende que o crescimento da atividade de beneficiamento de ervas medicinais contribua para a melhoria de vida da população do Amazonas. "Temos que praticar um extrativismo planejado. Não é a descoberta de princípios ativos de remédios - grande interesse da indústria -, que vai ajudar", analisa Juan.

Segundo o pesquisador, os únicos beneficiados com a descoberta de novos princípios ativos são as poderosas multinacionais que fabricam os medicamentos. O caboclo que repassa seu conhecimento sobre os poderes medicinais das plantas não tem nenhum ganho.

Juan ressalta que muito já se pesquisou e produziu sobre o potencial das plantas medicinais da Amazônia. Ele informa que cerca de 300 plantas amazônicas, nativas e introduzidas, catalogadas pelo Inpa, têm potencial para as áreas medicinal, fitoterápica, aromática e de cosméticos. "O que falta é operacionalizar a produção local de medicamentos e cosméticos com a utilização de plantas amazônicas", afirma Juan. O pesquisador revela que é difícil fazer o caboclo entender que aquela planta que ele usa para curar uma doença tem valor comercial.

Juan aborda a operacionalização da atividade no livro "Plantas da Amazônia - Oportunidades Econômicas e Sustentáveis", publicado pelo Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae/AM), em parceria com o Inpa. O livro foi elaborado com a finalidade de disseminar a utilização das plantas da Amazônia, adequando estudos e pesquisas para a comercialização mercadológica.

O projeto para a elaboração do livro teve início no "Seminário Internacional de Plantas Medicinais - Oportunidades Econômicas e Sustentáveis", realizado em maio do ano 2000. O evento teve finalidade de popularizar pesquisas e tornar acessíveis conhecimentos sobre os mais variados produtos, como os derivados do camu-camu, a importância dos frutos do palmito, o perfil nutricional e a utilização da pupunha, a produção de sabonete de murumuru, entre outros.

Já esgotado, o livro possui catalogadas as potencialidades comerciais de 72 espécies de plantas da Amazônia, nativas e introduzidas, que têm aplicação garantida nas áreas medicinal e de cosméticos. Atinge um público de empreendedores da região porque mostra espécies que já alcançaram uma considerável fatia do mercado local, nacional e internacional. A segunda edição deverá estar pronta no segundo semestre deste ano e ficará sob responsabilidade do Inpa. Com o objetivo de facilitar a compreensão, as espécies foram divididas nos seguintes grupos: fitoterápicos, cosméticos, repelentes, inseticidas, complementos alimentares, corantes e fibras. E para retratar de uma forma clara cada espécie difundida, a apresentação do portfólio foi separada em três ramos: científico, tecnológico e mercadológico.

No primeiro, são apresentadas as transcrições das pesquisas já feitas sobre as espécies. O segundo ensina como manusear essas espécies de forma sustentável, sem agredir ou causar desequilíbrios ambientais. No ramo mercadológico, são descritos os preços do quilo das plantas em suas diferentes apresentações (casca, pó).

Uma das grandes contribuições do livro é estimular a inserção de produtos regionais no mercado nacional e internacional, através de empresas potencialmente exportadoras. Além disso, fornecer subsídios para os empreendimentos de incubação na Amazônia, a exemplo do Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (Cide).

Para exemplificar suas orientações, Juan decidiu partir para a experiência prática, implantando um projeto em Manaquiri (a 65 quilômetros de Manaus) que estimula o plantio e a estocagem do óleo de três espécies não perecíveis: andiroba, castanha da amazônia e castanha sapucaia. "O objetivo é atingir este ano cinco mil litros de óleo", revela o pesquisador. O agricultor vai vender o óleo para a prefeitura, que deverá revendê-lo.

Cada litro de óleo foi estipulado em R$ 10. Antes de efetuar a venda para a prefeitura, cada agricultor terá seu produto analisado pelos laboratórios do Inpa para garantir a qualidade. Os recursos do projeto são do Sebrae/AM, Banco do Brasil, Inpa e prefeitura de Manaquiri.

Fonte: Jornal do Comércio - Dirigido - 06-06-01

25 mil espécies mundialmente conhecidas

Unha-de-gato, alfavaca, muirapuama, catuaba, cubiu, entre outras espécies amazônicas já são bem mais conhecidas em âmbito internacional do que os próprios amazonenses poderiam supor. De acordo com dados das instituições de pesquisa da região, cerca de cinco mil, dentre as 25 mil espécies existentes na Amazônia Brasileira e Internacional, já estão catalogadas e com suas propriedades conhecidas.

De acordo com o pesquisador Juan Revilla, que também é especialista em Inventário Florístico e Fitomassa pelo Instituto Max Planck da Alemanha, a muirapuama, uma planta popular na região por seus efeitos positivos em casos de impotência, atuando como um afrodisíaco natural e eficaz, está catalogada na farmacopéia inglesa desde 1900. Pare ele, o Brasil está atrasado um século na exploração desta espécie. A planta é encontrada no Amazonas, Pará e nas três Guianas.

Produção de cosméticos aproveita capacidade da natureza

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae/AM) afirma, no estudo "Cosméticos à base de ervas naturais" da série Perfis Empresariais, que o setor é seguro e crescente, tanto no mercado interno quanto internacional. Afirma que não é tão arriscado iniciar uma pequena empresa de cosméticos à base de ervas naturais, utilizando-se da enorme biodiversidade do Amazonas.

Os técnicos do Sebrae/AM informam que os riscos do negócio são de grau médio, considerando a baixa escala produtiva de ervas existentes no Estado. Além desse fator, a preferência dos produtores é a venda nos mercados nacional e internacional.

Os riscos podem ser reduzidos se o empresário associar ao empreendimento industrial a atividade agrícola própria. De acordo com o estudo, dependendo da erva plantada, pode-se obter os óleos essenciais, possuidores do princípio ativo, tão desejado pela indústria cosmética e farmacêutica.

A produção de cosméticos é uma atividade que vem sendo praticada ao longo da história da humanidade. Mas segundo os técnicos do Sebrae/AM, a indústria está redescobrindo que o segredo está em saber aproveitar a capacidade criadora e transformadora do ambiente natural.

O mercado das regiões mais desenvolvidas, de culturas fortemente influenciadas pela onda naturalista que invadiu o mundo a partir dos anos 70, está recusando os aromas artificiais, os conservantes, os produtos sintéticos e as experiências com animais.

Segundo o estudo, na área da cosmetologia natural surgiram empresas que não oferecem remédios milagrosos. Essas organizações sabem que o cuidado da pele não possui objetivos puramente estéticos, preocupando-se em acentuar a beleza e manter a saúde.

O suprimento de insumos de uma empresa de cosméticos, de acordo com os técnicos do Sebrae/AM, pode ser feito no mercado local e no nacional, destacadamente em São Paulo, onde são obtidos os materiais secundários e de embalagem. No mercado local, podem ser encontrados os extratos, óleos e essências regionais. O estudo afirma que a aquisição de matéria-prima não representa nenhum entrave, pois existe uma oferta abundante, apesar de não organizada.

O estudo revela que foi identificada a existência de produtores que começam a plantar pequenas roças de ervas, destacando-se os municípios do Careiro, Cacau-Pirera e Envira. As ervas medicinais e aromáticas mais utilizadas em cosméticos no Brasil são: camomila, sálvia, aloe vera, verbena, alteia, prímula, angélica, alfazema, patchuli, jamborandi, babosa, menta, alecrim, jojoba, amor crescido, bonjuá, calêndula, arnica e hamamelis. Uma parte delas é de fácil produção na região da Amazônia. Os técnicos do Sebrae/AM aconselham os empreendedores a manter uma produção própria de ervas para não ficar totalmente dependente dos produtores.

O estudo adverte que como os produtos à base de ervas, flores, frutos e raízes são de custos mais elevados em razão das exigências dos principais mercados compradores, seus preços tendem a ser também elevados.

Mosca brasileira salva lavoura nos EUA

Mosca brasileira salva lavoura nos EUA

Insetos brasileiros estão, literalmente, salvando a lavoura nos Estados Unidos. É que o governo norte-americano está importando moscas do Brasil para combater uma das maiores pragas nas plantações de soja e milho no sudeste daquele país: a formiga lava-pé. Liberados em onze estados americanos nos últimos três anos, os forídeos - mosquinhas de menos de 1 centímetro - já ocupam área de 2 mil quilômetros quadrados só na Flórida, primeiro estado a receber os bem-vindos invasores. Com a medida, o Departamento de Agricultura dos EUA quer evitar prejuízos de milhões de dólares.

As primeiras mosquinhas foram levadas para os Estados Unidos em 1996, depois que Sanford Porter, entomologista responsável pelo projeto no Departamento de Agricultura americano, ter passado por um estágio de sete meses no Laboratório de Quarentena "Costa Lima", da Embrapa Meio Ambiente. O laboratório é o único credenciado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento para autorizar exportações de organismos com fins de controle biológico.

Porter explica que a liberação dos forídeos nas plantações americanas não traz riscos para o meio ambiente nem para a saúde humana. Ele acredita que a espécie de formiga lava-pé que vem causando tantos problemas tenha chegado aos EUA nos anos 30, provavelmente misturadas a grãos trazidos do sul do Brasil. Sem predadores naturais, elas se multiplicaram e, hoje, se encontram em número cinco vezes maior do que no país de origem. "Por isso, tivemos que apelar para a fauna brasileira para combater o problema", diz o entomologista.

Ataque aéreo às formigas

Típicos da América do Sul e abundantes no Brasil, os forídeos têm uma eficiente estratégia de ataque. Ao se aproximarem de um ninho de formigas lava-pé, as mosquinhas injetam seus ovos sobre o abdômen da formiga em um décimo de segundo, como se fosse um torpedo, explica Porter. Depois de alguns dias, o ovo se quebra e a larva caminha para a cabeça do hospedeiro. Lá, após duas semanas, a larva libera uma enzima que dissolve algumas membranas da cabeça, fazendo-a se desprender do corpo do animal. É aqui que a larva do forídeo se desenvolve, alimentando-se dos músculos e do próprio cérebro da formiga. Poucos dias depois do ataque, o inseto atinge a maturidade e está pronto para fazer mais uma vítima.

A problemática do lixo e o consumo consciente

A problemática do lixo e o consumo consciente


A cidade de São Paulo gera cerca de 14 mil toneladas de lixo por dia e não há mais lugar no próprio município para guardar esse material. Logo, esse lixo deverá ser depositado em algum município vizinho. Os custos desse espaço serão pagos, é claro, pelo contribuinte.

Se considerarmos que mais da metade do lixo brasileiro é composta de restos de alimentos, na cidade de São Paulo isso equivaleria a cerca de sete toneladas a cada dia. Quantas pessoas ficam sem comer por vários dias nesta cidade? O professor Aziz Ab'Saber comentou, em conferência recente, que no Brasil, antes de discutir a questão do cultivo de alimentos transgênicos como solução para a fome, seria mais pertinente discutir a distribuição dos alimentos, pois ela se mostra mais problemática do que a falta deles.

No modelo de sociedade que hoje praticamos há uma corrida desigual em busca da produção e do consumo, que abriga muitos descuidos. Um desses imperdoáveis descuidos se refere à negligência de alguns valores humanos elementares, como no exemplo da distribuição de alimentos.
Há mais de uma década têm estado presentes nos meios de comunicação, em publicações e programas diversos, as possibilidades e benesses da reciclagem de lixo. Já houve uma infinidade de tentativas e modelos de implementar esse tipo de ação, apontada como a grande solução para reduzir o volume absurdo de lixo produzido pela atividade humana, com muito, pouco ou nenhum sucesso. Toda essa variação na eficiência de tais programas tem obrigado a uma consideração mais cuidadosa.

Além de questões culturais complexas, todas as mídias e nossos anseios mais íntimos insistem em que essa ou aquela aparência, esse ou aquele produto, vão solucionar as questões de aceitação, auto-estima, realização pessoal e prazer entre outras. Bastante dinheiro é investido tanto na geração da "necessidade", como na produção dos objetos "necessários", e no seu consumo. Produz-se aparentemente mais do que é consumido, a julgar pela quantidade de promoções, liquidações e práticas do gênero. Artifícios dos mais diversos conduzem toda sorte de consumidor a adquirir muitos objetos pelas mais variadas causas, dos mais diversos tipos, preços e tamanhos. Assim, também é consumido mais do que o que se pode utilizar de fato, a julgar pela quantidade de desperdício. É dolorosa aqui a visão das conseqüências da diferença de poder aquisitivo.

Um exemplo dessa situação é a moda atual que pede enfeites natalinos cada vez mais complexos nas casas e nas ruas, enfeites cheios de detalhes, de pequenas bugigangas elétricas ou eletrônicas descartáveis; sem contar os obrigatórios presentes com uma enormidade de embalagens igualmente sofisticadas, embora o bom gosto ou a mais vaga noção de estética pareçam irrelevantes diante da moda. Os papéis de presente hoje não bastam, são substituídos por caixas, envelopes metalizados e sacolas, ganham arranjos de florzinhas e fitas, adesivos com dizeres referentes à data. O conteúdo do "presente", por vezes um elemento a mais no conjunto, é geralmente quase tão descartável quanto esse complexo de embalagens. O significado, por sua vez, muitas vezes nem é sabido, sobretudo pelas crianças. E não tem a menor importância.

O consumo de informações também tem sido, como os outros tipos de consumo, uma prática compulsiva. Sua articulação e sua utilização para modular pontos de vista e tomadas de decisão são dificilmente percebidas na atuação dos "superinformados". A partir de uma certa quantidade de dados, bem como da velocidade do acesso a eles, seu processamento aparentemente acaba prejudicado, gerando angústia e sensação de inadequação.
A despeito de não ser a solução final para o problema do lixo produzido, a reciclagem de resíduos das atividades dessa sociedade é um caminho obrigatório. Para ser eficaz ela precisaria, no entanto, ocorrer de forma tão veloz quanto a produção do material em questão. Há portanto muito esforço a ser empenhado nesse sentido.
A reflexão, porém, sobre a estrutura e o funcionamento da sociedade que já se percebe em alguns momentos, de fato, planetária, evolui para a revisão das práticas educacionais, de construção civil, produção, consumo, descarte, tratamento de resíduos, que devem ser consideradas em consonância. As considerações parciais levam a soluções temporárias, como a reciclagem, por exemplo. Mas enquanto não se chega ao ponto, são imprescindíveis o consumo racional, o questionamento sobre fontes de felicidade mais adequadas ao ambiente e à sociedade humana e exercícios conscientes de planejamento urbano.

Xaxim corre o risco de sumir do mapa!

Xaxim corre o risco de sumir do mapa!

Ela é uma das espécies vegetais mais antigas e contemporânea dos dinossauros: é a Dicksonia selowiana, conhecida como samambaiaçu, de cujo tronco se extrai o xaxim - a matéria-prima para a fabricação de vasos e substratos. Planta típica da Mata Atlântica, esta samambaiaçu está na lista oficial das espécies brasileiras ameaçadas de extinção (Ibama), em razão da sua intensa exploração comercial destinada à jardinagem e floricultura.

Para obter mais informações científicas e, ao mesmo tempo, maior controle sobre a extração e comercialização da espécie, o Ibama formou, no ano 2000, o Grupo Técnico de Conservação de Pteridófilas, com a participação de especialistas do governo e das universidades federais de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A principal meta era estabelecer formas sustentáveis de exploração da espécie. Já no ano 2001, uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) passou a proibir a extração dessa espécie da mata. A área de maior ocorrência do xaxim na Mata Atlântica é a Floresta das Araucárias, nos estados do Sul do país e é justamente lá que acontece a maior exploração da planta. Segundo declaração de Jefferson Prado, pesquisador do Instituto de Botânica de São Paulo, publicada na Revista Natureza (junho/2002), a velocidade de crescimento da samambaiaçu varia, mas costuma ser muito lenta - geralmente ela cresce cerca de 5 a 8 cm por ano. Por essa medida, estima-se que para conseguir um vaso com 40 a 50 cm de diâmetro são extraídas da mata samambaiaçus com idade mínima de 50 anos!

Hoje, existem no mercado produtos alternativos que substituem o xaxim, como vasos fabricados a partir da fibra do coco e também substratos como palha de coco, ardósia e carvão. Ao optar por estes produtos estamos ajudando a preservar a existência da Dicksonia selowiana nas matas.

Águas ainda não passadas

Águas ainda não passadas


Todo ser vivo transmite de uma geração para outra, para filhos e netos, o seu saber viver. Uma planta, por exemplo, ensina às descendentes, através do código genético, o que ela aprende durante a sua vida, sobre a difícil tarefa da luta pela sobrevivência. Assim, geração após geração, a sua espécie vai descobrindo que atrair insetos pode ajudá-la na polinização e conseguir aliados na defesa da sua integridade. Anos de exposição às intempéries vão lhe dizer quais as melhores defesas a serem adotadas nos períodos de seca, calor ou frio. Insetos ficam cada vez mais imunes aos venenos, porque os geneticamente mais fortes aprendem rápido como sobreviver às aplicações contra eles, criando defesas e transmitindo esse aprendizado para as próximas gerações. É a procura da proteção aos descendentes, pois a sobrevivência destes irá depender do que aprenderem e souberem passar aos que irão ocupar os seus lugares na natureza.

Refletindo sobre o comportamento humano, especialmente o das últimas gerações, e observando o descaso com que tratamos o lugar onde moramos, podemos formular algumas perguntas:

-Por que é que nós, que temos o dom da inteligência e que somos tão eficientes em produzir descendentes e ocupar espaços, agimos com tanta estupidez quando se trata de transmitir exatamente a nossa principal herança - um meio ambiente sadio?

Por que é que a cada geração deixamos a Terra cada vez mais suja e arrasada? E, de que adianta transmitir riquezas materiais para nossos netos e bisnetos se não estamos sabendo fazer o essencial, deixar o meio ambiente saudável para eles?

Não temos o direito de repassar aos nossos descendentes uma natureza devastada, florestas derrubadas, desertos, erosão, rios assoreados com águas sujas e envenenadas. Não temos o direito de entregar aos futuros moradores do nosso planeta um certificado dizendo: "Bem vindo à Terra, um lugar perigoso. Com certeza você vai morrer cedo, de fome, doença grave ou por falta de água. Talvez você não tenha tempo nem de gerar seus próximos descendentes e, se produzi-los, poderão apresentar sérios defeitos genéticos."

Os direitos de propriedade sobre a terra são relativamente recentes na história da humanidade, ainda não convivemos bem com a noção de que esta forma jurídica nos dá a garantia de ser dono de uma área, mas não dá o direito de destruí-la. Quem já percebeu isso, tem um duro trabalho de catequese pela frente: fazer com que nossos governantes, juristas, fazendeiros, agricultores, madeireiros e industriais entendam que estamos aqui de passagem, por breve espaço de tempo, e que não podemos usar até à exaustão qualquer bem que a natureza ou um Poder Divino nos "dá emprestado durante a nossa curta existência". Os antigos romanos sabiam disso e tinham como norma de vida intervir o mínimo possível na natureza, deixando-a quase como a encontraram. São conhecidos os lugares onde habitaram e promoveram a recuperação e a proteção da água e das florestas.

Uma geração é pouco para fazer os humanos compreenderem que destruir a natureza não é bom negócio. Nossos agricultores precisam parar de levar suas máquinas agrícolas até às margens dos rios, onde ganham alguns metros quadrados de lavoura, cuja produção depois é perdida na imperícia da colheita, nos desajustes dos equipamentos agrícolas e no transporte precário. Isso, sem contar com as perdas na hora da venda, pois estamos escravizados às bolsas de cereais do mercado internacional, que nos impõem o preço do que produzimos às duras penas e às custas da destruição do nosso maior patrimônio - nossas florestas, rios e animais silvestres -, patrimônio que, com certeza, fará muita falta num futuro não muito distante.

É urgente que aprendamos a salvar a Terra Brasilis para os futuros brasileiros, pois poucos lugares no mundo receberam dádiva tão generosa na forma de boa geografia, bom regime de águas, clima e biodiversidade. E para não sobrecarregar de culpa somente os responsáveis pela lavoura e pelo corte da madeira, observemos que os nossos principais rios passam sempre por dentro ou ao lado de cidades cujos moradores e administradores, já de longa data, pensam servir para descargas de lixo, esgotos e resíduos. Nesse trabalho de destruição sistemática iniciado há dezenas de anos, e na nossa falsa esperteza, valorizamos o fiscal corrupto que cobra por sua omissão, deixando que a sujeira e o veneno contaminem as águas ainda não passadas. E, se continuarmos a agir assim, quem viver, - das águas ainda não passadas -, delas não beberá.

Pau-rosa: corte predatório e ameaça de extinção

Pau-rosa: corte predatório e ameaça de extinção

Exemplares de pau-rosa (Aniba rosaeodora) na Reserva Florestal de Ducke em Manaus

O que ocorreu com a seringueira, no final do século XIX e início do XX, quando o seu látex era retirado das árvores nativas sem haver preocupação com o seu cultivo, também ocorre com o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke), árvore típica da Amazônia, de cuja casca se extrai um óleo rico em linalol, fixador de perfumes cobiçado pelas indústrias de cosméticos do exterior, principalmente as francesas, como a Coco Chanel, fabricante do Chanel nº 5.

Existem três espécies de pau-rosa encontradas desde o sul do México até o princípio da Mata Atlântica, mas a espécie amazônica é a que apresenta a maior concentração de óleo, por isso é explorada incessantemente há décadas, estando ameaçada de extinção. Diferente da seringueira, que explorada racionalmente pode produzir látex por décadas, a árvore do pau-rosa precisa ser abatida para a extração do óleo da casca. O corte predatório é que está levando ao desaparecimento da planta. Como a procura pelo óleo é intensa (o preço atual no mercado internacional é de US$ 28 o litro), é grande a corrida em direção às poucas árvores nativas que ainda restam na floresta. Por isso mesmo, desde o ano 2000 o Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) só permite a extração se houver a reposição da espécie.

Combustível - O pau-rosa é explorado intensivamente na região amazônica desde o início do século passado, mas foi nas décadas de 20 e 30, com o crescimento da indústria de perfumes, que a sua extração atingiu proporções predatórias. Naquela época, a região era tão rica da espécie que os caboclos utilizavam seu óleo como combustível para as suas lamparinas. Com o mercado em ascensão, a partir da década de 60 houve um novo crescimento na procura pelo linalol. Nesse período, eram comercializadas mais de 500 toneladas/ano de óleo. Pelo menos 50 destilarias processavam cerca de 50 mil toneladas anuais de madeira, tudo retirado de florestas nativas.

Na década seguinte, com o surgimento do linalol sintético e da entrada no mercado internacional do óleo essencial chinês da espécie Ho, a produção estabilizou em 100 toneladas/ano. Calcula-se que, nesses últimos 40 anos, aproximadamente 2 milhões de árvores foram abatidas e explorados irracionalmente mais de 10 milhões de hectares de florestas. O trabalho era feito por meio de usinas móveis, que exploravam toda a madeira numa determinada área até esgotá-la, e depois seguiam para outra, repetindo o processo. Nesse período da extração do pau-rosa, a atividade chegou a envolver diretamente cerca de 6 mil pessoas e ocupar o terceiro lugar na pauta de exportações do Estado do Amazonas.

Para extrair 180 litros de essência de pau-rosa, são necessárias de quinze a vinte toneladas de madeira, o que só se consegue com a derrubada de cerca de mil árvores.

E lá se vai nossa riqueza...

E lá se vai nossa riqueza...

Entre os casos históricos de biopirataria no Brasil e que se tornaram mais conhecidos, há situações emblemáticas, como o pau-brasil, a seringueira ou a fruta do bibiri, registrada pelo laboratório canadense Biolink, apesar de usada há gerações como anticoncepcional pelos índios uapixanas, de Rondônia.

O caso mais famoso, porém, é o do professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Sérgio Ferreira, que descobriu no veneno da jararaca uma substância capaz de controlar a pressão arterial. Sem dinheiro para tocar as pesquisas, ele aceitou uma parceria com o laboratório americano Bristol-Myers Squibb. Em troca de recursos, a empresa registrou a patente do princípio ativo Captopril, um mercado que gera US$ 2,5 milhões ao ano em royalties, e o Brasil também tem de pagar.

A sabedoria para entender que determinada planta pode servir para esta ou aquela doença vem do conhecimento tradicional adquirido pelas populações nativas brasileiras, especialmente as indígenas da Amazônia. Há mais de 500 anos eles se tratavam com os princípios que hoje são rotulados e vendidos por fortunas no mundo inteiro.

Segundo pesquisa efetuada pelo Jardim Botânico de Nova York, o conhecimento tradicional aumenta em até 400% a eficiência da seleção de plantas em busca de suas propriedades. Resumindo: os nossos índios pesquisam, testam, e os laboratórios processam e industrializam, ficando com o lucro. Dos 120 componentes ativos isolados das plantas usados pela medicina, 74% apresentam correlação positiva entre o uso terapêutico moderno e tradicional.

Alguns fatos que merecem registro

Pau Brasil
A historia da biopirataria na Amazônia começou logo depois da "descoberta" pelos portugueses em 1500, quando os mesmos roubaram dos povos indígenas da região o segredo de como extrair um pigmento vermelho do pau-brasil. Hoje, a flora e a fauna do Brasil continuam desaparecendo e a madeira que deu ao Brasil seu nome, está sendo preservada apenas em alguns jardins botânicos.

Seringa
Provavelmente o caso mais infame é o do inglês Henry Wickham, que levou em 1876 sementes da árvore da seringueira - uns dizem que as sementes foram escondidas entre folhas de bananeira - rumo a uma nova plantação de Hevea brasiliensis nas colônias Britânicas na Malásia. Após algumas décadas a Malásia tornou-se o principal exportador de látex, arruinando a economia da Amazônia que era baseada principalmente na exploração da borracha. Nesse episódio histórico, Wickham foi armado cavaleiro pelo rei da Inglaterra, George V, porém, foi considerado maldito pelos seringueiros brasileiros que o chamaram "o Executor da Amazônia".

Andiroba
Comercializada na forma de sabonetes medicinais. Seu óleo serve para combater contusões, inchaço nas juntas. Também é usada na fabricação de velas repelentes de insetos, especialmente os mosquitos do gênero Anopheles, transmissores de malária. A Rocher Yves Vegetale registrou nos EUA, Europa e Japão a patente sobre a produção de cosméticos ou remédios que usem o seu extrato.

Ayahuasca
Cipó alucinógeno usado há quatro séculos em cerimônias religiosas de 300 tribos indígenas e em rituais do Santo Daime. Foi patenteado pela empresa americana International Plant Medicine Corp. Posteriormente, a patente foi cancelada. As pesquisas avançam para utilizar o cipó no combate ao câncer.

Bubiri
Suas sementes são usadas há séculos pelos índios wapixana, de Roraima, como anticoncepcional. O laboratório canadense Biolink patenteou o princípio ativo e desenvolve pesquisa com a substância para tratar a Aids.

Copaíba
É uma essência medicinal. O óleo é utilizado como matéria-prima para vernizes, tintas, fixador de perfumes, fabricação de papel. É um excelente anti-inflamatório e cicatrizante. Sua patente foi registrada no Japão.

Crotão
Suas substâncias deram origem a dois medicamentos: Provir e Virend. O primeiro serve contra a diarréia, e o segundo contra o herpes genital, doença que aflige mais de 30 milhões de norte-americanos. Pesquisas ainda em fase de testes apontam para o tratamento da Aids.

Cumaniol
Veneno usado pelos índios da Amazônia na pesca, foi patenteado pelo laboratório Biolink. A substância é um poderoso anestésico e pode ser usado para cirurgia delicadas no coração.

Curare
Mistura de ervas guardada em sigilo pelos índios e usada na ponta das flechas como veneno para imobilizar a presa. Foi patenteado pelos EUA na década de 40 e é usado na produção de relaxante muscular e anestésico cirúrgico.

Jaborandi
Já transformado em remédio - Salegen - pelo laboratório alemão Merk, a planta é o antídoto contra a xerostoma (dificuldade de salivar). Pesquisas do mesmo laboratório, baseadas na cultura indígena e dos caboclos, estão produzindo um remédio contra a calvície.

Jararaca
Pesquisador brasileiro descobriu no veneno da cobra uma substância para controlar a hipertensão. O laboratório Bristol Myers-Squibb financiou a pesquisa e registrou o princípio ativo contra pressão alta, um mercado de US$ 2,5 bilhões. O Brasil paga royalties, como o resto do mundo.

Jenipapo
Usado largamente na indústria de cosméticos. A indústria Aveda Corporation indenizou os índios guarani-kaiowa pela propriedade intelectual.

Quebra-pedra
Usada pelos índios para tratar problemas hepáticos e renais, foi patenteada por uma empresa americana para a fabricação de medicamento para hepatite B.

Sapo-tricolor
O sapo que vive nas árvores da Amazônia possui uma toxina analgésica 200 vezes mais potente do que a morfina. O laboratório americano Abbott sintetizou a substância e vende a droga.

Jararaca-ilhoa
A cobra, que só existe na ilha da Queimada Grande, no litoral Sul de São Paulo, é considerada exótica e desperta interesse em colecionadores do mundo todo pela sua beleza e pelo poder de seu veneno, muito mais letal do que o das outras espécies de jararaca. Há dois anos, alguns exemplares da serpente foram encontrados à venda num mercado de animais em Amsterdã.

O caso do curare merece uma explicação mais detalhada:
O conhecido Curare é uma mistura de várias espécies de plantas que ocorrem na Amazônia. Estas plantas são fervidas, todas juntas, durante três dias, resultando num xarope ou numa massa. São usados cerca de 40 tipos de curare na Amazônia e há a necessidade, às vezes, da substituição de algumas das plantas, pois nem todas crescem no mesmo local.

Usado nas pontas de flechas pelos índios, o curare serve para paralisar a caça ou matar seus inimigos. Causa paralisia dos músculos interferindo na transmissão de impulsos nervosos entre a ação do nervo e o mecanismo da contração muscular, provocando morte por asfixia. Com o auxílio de respiração artificial, a vítima pode se recuperar sem lesões. Os povos indígenas também usam o curare como anti-séptico, diurético, antifebril, e até como tônico.

O conhecimento tradicional sobre essas misturas de ervas foi guardado em sigilo pelos índios durante séculos. Alexander von Humboldt foi o primeiro Europeu, em 1800, a testemunhar e descrever como os ingredientes eram preparados. Mas o curare começaria a ser utilizado como um anestésico apenas em 1942, poucos anos depois que seu ingrediente ativo, o d-tubocurarine foi isolado.

Os princípios ativos mais comuns são os alcalóides curarine e tubocurarine, que se encontram hoje no mercado sob os nomes de Tubarine, Metubine Iodine, Tubadil, Mecostrin e Vectracurium, produzido pela Wellcome, e o Vecuronium, produzido pela Organon. As empresas Wellcome, Abbot e Lilly (EUA) detêm patentes de relaxantes musculares e anestésico cirúrgico com base no curare. Nesse caso também não há repartição de benefícios pelo acesso e uso desse conhecimento tradicional associado à biodiversidade.

Cada pessoa libera 2 toneladas de Gás Carbônico por mês

Cada pessoa libera 2 toneladas de CO2 por mês

A organização não-governamental Iniciativa Verde calcula que cada cidadão libera, em média, 2,07 toneladas de gás carbônico ou dióxido de carbono na atmosfera por mês.

No site da ONG, www.thegreeninitiative.com, é possível calcular a emissão individual dos gases que causam o efeito estufa e a quantidade de árvores que cada pessoa deveria plantar para neutralizar isso. O cálculo leva em consideração o consumo de energia elétrica, de gás de cozinha e o tipo de transporte utilizado.

Em relação ao consumo de energia elétrica, a ONG considera que o consumo médio por pessoa é de 100 KWh/mês, o que gera uma emissão de 0,32 tonelada de CO2. Por ano, a emissão passa a ser de 3,84 toneladas desse gás por habitante.

Sobre o consumo de gás de cozinha por pessoa, o levantamento mostra que, no Brasil, a média é de quatro milímetros cúbicos por mês (ou três botijões por ano), o que perfaz uma média de 0,20 toneladas de CO2. Por ano, a emissão é de 2,4 toneladas.

Por último, a ONG considerou a média de combustível fóssil (petróleo e derivados) queimado por habitante, levando em conta que cada pessoa percorre cerca de 850 quilômetros por mês. Em um carro pequeno movido a gasolina, com motor até 1.4, cada pessoa liberaria 1,55 tonelada de CO2 na atmosfera por mês, ou 18,6 toneladas por ano.

Resumindo, se uma pessoa consumir esses valores médios de energia elétrica, de gás e de combustível, estará liberando na atmosfera 2,07 toneladas de gás carbônico por mês, em média, ou 24,84 toneladas por ano. Para compensar esses níveis de emissões, a Iniciativa Verde recomenda que cada cidadão plante 14 árvores por mês ou 168 por ano, já que as árvores absorvem o gás carbônico. "Primordialmente o que a gente deveria fazer é consumir menos de tudo. Diminuir desde o nosso consumo de energia elétrica, apagando a luz quando sai de um ambiente, substituindo o nosso chuveiro elétrico por um aquecimento mais eficiente, utilizando mais o transporte público, dando carona para pessoas, tentando otimizar o uso dos recursos naturais, reduzindo o consumo e consumindo de maneira mais consciente", disse o diretor da Iniciativa Verde, Osvaldo Martins.